Exposição

A exposição adentra caminhos baixos, das bestas e dos decaídos, do grotesco em si e da manifestação dele no imaginário de artistas nordestinos através da xilogravura, dessa arte rebelde, sem reservas nem escrúpulos. E o demônio é presença em tantas obras. É potência, é vontade. Lançamento da exposição Bestiário Nordestino dia 25 de novembro, confirma presença aqui: https://www.facebook.com/events/1895614967341156/

“O demônio – assim se diz – não é um deus, mas um semideus. Mas semideus só pode significar: potência, possibilidade e não atualidade do divino. Por isso – pois se manter em relação com uma potência é o que há de mais árduo – o demônio é algo que incessantemente se perde e ao qual devemos procurar permanecer a todo custo fieis.

A vida poética é a que, em cada aventura, mantém-se com obstinação em relação não com um ato, mas com uma potência, não com um deus, mas com um semideus.

O nome da potência regeneradora que, para além de nós mesmos, dá vida ao demônio é Eros. Por certo amar significa ‘ser levados’, abandonar-se à aventura e ao evento sem reservas nem escrúpulos; e, todavia, no próprio ato em que nos abandonamos ao amor, sabemos que algo em nós fica para trás, em falta.

Eros é a potência que, na aventura, constitutivamente a excede, assim como excede e ultrapassa aquele a quem ela acontece. O amor é mais forte do que a aventura – e esta é, talvez, a certeza que havia levado Dante a sair do círculo mágico dos poemas cavalheirescos; mas, justamente por isso, no amor nós a cada vez experimentamos nossa incapacidade de amar, de ir além da aventura e dos eventos – e, todavia, exatamente tal incapacidade é o impulso que nos empurra ao amor.

Como se o amor fosse tanto mais ardente e pleno de nostalgia quanto mais forte nele se revela a incapacidade de amar.”, Giorgio Agamben – L’avventura – trad.: Vinícius Honesko.

Imagem: Apocalipse, Bélgica, cerca de 1313 – BnF. Francesa 13096, fol. 86r.